Fundos de previdência foram os que mais cresceram nos últimos cinco anos. A participação de mercado das carteiras da categoria em relação ao total do setor de fundos subiu 60% no período, saindo de 8% em 2007 para 13% em 2012. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O principal apelo dos portfólios de previdência junto ao investidor é a perspectiva de conciliar, de maneira clara, o esforço de poupança atual com o objetivo de aumentar a renda na aposentadoria. É uma forma de aplicação que realça o benefício da disciplina de economizar pequenos valores periodicamente.
Para os aplicadores que são tributados nas faixas mais altas do Imposto de Renda (IR), perto de 27,5%, os investimentos em planos de previdência são estimulados. As aplicações são dedutíveis da base do IR, até o limite de 12% dos ganhos anuais.
Em contrapartida, todos os valores resgatados das carteiras de previdência são tributados. Não apenas os rendimentos como também o montante inicialmente investido. Aplicadores com disciplina financeira podem usar a economia com o IR que deixou de ser pago na declaração anual para aumentar a capacidade de poupança. É mais um estímulo para economizar.
Adicionalmente, um bom planejamento financeiro na época dos resgates pode ser transformado em um expressivo ganho fiscal. Em tese, é possível aguardar para sacar nos momentos em que a alíquota anual do IR é menor. Isso pode ocorrer, por exemplo, devido ao maior volume de despesas dedutíveis em determinado ano. É uma ajuda do Leão para tornar a vida mais confortável na aposentadoria.
Aqueles que não possuem renda tributável podem optar por uma forma de plano de previdência em que os resgates não são dedutíveis. Em compensação, os saques também não são tributados. O IR incidirá apenas sobre os rendimentos, no momento do resgate. Isso torna o mecanismo semelhante às aplicações financeiras tradicionais, o que acaba atraindo quantidade maior de investidores.
Existe ainda a possibilidade de escolher a forma de tributação dos resgates. O aplicador pode optar entre ser taxado de acordo com as regras do IR para a pessoa física ou por alíquotas fixas e decrescentes, de acordo com o maior prazo de permanência no investimento. Quanto maior a perspectiva de renda na aposentadoria, mais vantajosa será a opção pelo sistema de alíquotas fixas.
Devido à incapacidade de processar a grande quantidade de informações a respeito do funcionamento das aplicações em fundos de previdência, os investidores tendem a simplificar a análise dos produtos. O resultado é que isso pode aumentar a margem de erro das escolhas.
Um plano de previdência com rentabilidade consistentemente ruim, por exemplo, irá comprometer todo o esforço de anos de poupança. Em outra hipótese, caso o rendimento do fundo fique muito aquém do esperado, o valor da aposentadoria será pequeno.
Poucos investidores têm o hábito de comparar o retorno das carteiras e as diferentes estratégias de investimento. Reportagem de Karla Spotorno, publicada em 16 de janeiro no Valor, mostrou que, na média, a rentabilidade da maioria dos fundos de previdência em 2012 excedeu por pouco ou nem conseguiu superar o CDI, o referencial para as aplicações de renda fixa.
Outro levantamento, feito a partir do desempenho dos principais produtos de previdência mostra que o montante equivalente a quase 90% de todo o patrimônio do setor está investido em carteiras com baixa volatilidade. Significa que a rentabilidade praticamente não oscila porque os investimentos estão atrelados aos juros de um dia.
O aparente conforto tem um custo que pode ser alto. Com os juros em patamar reduzido, como agora, o retorno da maioria das carteiras terá dificuldade para superar a inflação em 2013. E isso sem considerar os custos administrativos.
Mas não basta aumentar o risco para conseguir maior rentabilidade. No grupo dos fundos mais voláteis, o desempenho é discrepante. Do total de produtos mais arriscados, 17% registraram rentabilidade superior a 27% em 2012. Contudo, o ganho da maioria das carteiras ficou na faixa entre 9% e 15%. E 21% dos fundos tiveram ganho de até 9%.
Para investir de forma eficiente em fundos de previdência é fundamental aprofundar as análises, para conhecer a estratégia das carteiras. O mecanismo é excelente para estimular a poupança a longo prazo, mas é importante que o aplicador tenha certeza de que os recursos estão sendo bem administrados. Caso contrário, o prejuízo será grande e difícil de ser recuperado.
Fonte: VALOR Econônico