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Fundos de Previdência no vermelho

 Os títulos públicos, que já foram sinônimo de segurança e rentabilidade, agora frustram investidores, com prejuízos cada vez maiores. As perdas com esses papéis foram tamanhas nos últimos dois meses que os fundos abertos de previdência se viram obrigados a pedir socorro ao governo. A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) quer a mudança de uma regra que manda essas entidades alongarem os prazos das suas carteiras. Elas precisam comprar papéis de renda fixa com vencimentos mais longos, acima de cinco anos, justamente os que estão no vermelho.

 

 Os prejuízos têm se disseminado na renda fixa desde que o Banco Central deu início ao processo de aperto monetário, um ajuste que tirou a taxa básica (Selic) do menor nível histórico, de 7,25% ao ano, para 8%. Com esse movimento, os títulos do Tesouro Nacional que já estavam no mercado, sobretudo os de prazo mais longo e indexados à Selic, passaram a valer menos. Como ninguém queria esses papéis, os investidores que precisavam se livrar deles antes do vencimento não tinham para quem vender, e o valor deles despencou. Para os grandes investidores, a exemplo dos planos de previdência que estão com as carteiras recheadas desses títulos, a perda é enorme.

 

 O problema é que o valor da cota dos participantes é calculado com base na marcação de mercado desses títulos - quanto ele vale no dia -, e não no vencimento. Quando o cliente do plano de previdência olha para o extrato do fundo, vê suas economias para a aposentadoria minguarem. Nesse cenário, a federação pede a flexibilização das regras para trocar as operações a longo prazo por outras a curto e minimizar os prejuízos do ano. "A FenaPrevi pede o aperfeiçoamento da norma do CMN (Conselho Monetário Nacional), visto que o cenário de juros a longo prazo se alterou, o que não estava previsto quando a norma foi estruturada", disse a instituição em nota.

 

 A desvalorização dos papéis evidencia uma crise de confiança no governo e nas contas públicas, uma questão que se intensificou depois do alerta da Standard & Poor"s (S&P). A agência sinalizou que pode rebaixar o Brasil em um ranking dos países mais seguros para se investir, isso caso a política fiscal não se torne mais responsável e menos expansionista. Diante desse quadro, o Tesouro Nacional, em pouco mais de uma semana, fez quatro leilões de recompra de títulos, para diminuir a volatilidade deles e dar saída aos investidores que querem se livrar deles. 

 

Fonte: Brasília em Tempo Real